Profissionalização dos árbitros ainda sem consensos

Profissionalização dos árbitros ainda sem consensos

O presidente da Associação Portuguesa dos Árbitros de Futebol (APAF), Gustavo Sousa, mostrou-se favorável à profissionalização dos árbitros "o mais rápido possível", considerando necessário encontrar o regime "ideal" para o seu enquadramento.
O dirigente, que participou na apresentação e discussão do relatório do grupo de trabalho sobre profissionalização dos árbitros, esta quarta-feira, em Coimbra, referiu existirem situações que não se adaptam ao profissionalismo.
"Há árbitros que não lhes interessa estar num regime profissional a 100 por cento, porque se atingem os 30 anos sem saber se vão chegar a árbitros internacionais ou à primeira categoria, não vão perder outras profissões", explicou Gustavo Sousa.
O secretário de Estado do Desporto, que presidiu à sessão, afirmou  que o Governo só irá avançar com legislação sobre a profissionalização dos árbitros quando houver consensos entre o movimento associativo nos aspetos fundamentais.
"Apenas existe consenso que deve haver lugar à profissionalização da arbitragem, mas não existe consenso se deve ser o Estado a fazê-lo ou se deve ser o movimento associativo, se deve ser já ou daqui a alguns anos, qual a natureza dessa relação, se deve ser um contrato de trabalho ou um contrato de prestação de serviços", disse Alexandre Mestre.

João Leal Amado, coordenador do grupo de trabalho, apresentou as linhas gerais do relatório divulgado em dezembro, dando conta que o debate incidiu sobre duas questões: se se devia seguir pela via da profissionalização destes agentes desportivos, e, em caso afirmativo, qual o regime jurídico mais adequado para enquadrar a profissionalização dos árbitros. O consenso em torno da necessidade de profissionalização dos árbitros foi geral.
Já em relação ao enquadramento jurídico, a questão foi deixada em aberto para continuação de debate, embora o grupo de trabalho considere que se deverá avançar com a possibilidade de os árbitros serem titulares de contratos de trabalho com as federações desportivas, ou até com as respectivas ligas profissionais, a partir do momento em que integram a elite de cada uma das modalidades, sobretudo quando se estiver perante competições desportivas de carácter profissional. “Todos entendemos que não faz sentido que, no desporto profissional dos nossos dias, tomando como referência o futebol, com atletas e treinadores altamente profissionalizados, que a pessoa que se apresenta como árbitro seja alguém que tem essa actividade como hobby. Mesmo que se avance com a profissionalização dos árbitros, não se pense que se vão alterar os hábitos semanais de discussão em torno das decisões dos árbitros”.
João Leal Amado adiantou que, actualmente, só no futebol é que haveria neste momento capacidades financeiras para avançar com a profissionalização dos árbitros. “Algumas actividades desportivas mediatizaram-se e profissionalizaram-se a tal ponto que obrigam a que quem arbitra estas actividades tenha também de estar profissionalizado”.

 

Fonte: Correio da Manhã